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Arabella Goddard
Arabella | Goddard |
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Sheet music for Arabella Goddard
Britten & Hindemith Violin Concertos — Arabella Steinbacher
— Hybrid SACD — Classical
By Arabella Steinbacher, Rundfunk-Sinfonieorchester Berlin, and Vladimir Jurowski. By Paul Hindemith (1895-1963) and Benjamin Britten (1913-1976). Classical. Hybrid SACD. Pentatone Music #PTC5186625. Published by Pentatone Music (NX.PTC5186625).
Price: $19.00
In the Moment - Short Pieces for String Quartet — Arabella Quartet
— CD — Classical
By Arabella Quartet. By Antonin Dvorak: Dmitri Shostakovich and Franz Schubert (1797-1828). Classical. CD. Naxos #8579013. Published by Naxos (NX.8579013).
Price: $11.00
Strauss: Aber der Richtige - Violin Concerto & Miniatures — Arabella Steinbacher
— — Classical
By Arabella Steinbacher and WDR Symphony Orchestra. By Richard Strauss (1864-1949). Classical, Violin. Classical. Pentatone Music #PTC5186653. Published by Pentatone Music (NX.PTC5186653).
Price: $19.00
Fantasies, Rhapsodies and Daydreams — Arabella Steinbacher; Orchestre Philharmonique de Monte-Carlo; Lawrence Foster
— Hybrid SACD — Classical
By Arabella Steinbacher; Orchestre Philharmonique de Monte-Carlo; Lawrence Foster. By Jules Massenet; Maurice Ravel; Camille Saint-Saens; Pablo de Sarasate; Franz Waxman; Ralph Vaughan Williams. Classical. Hybrid SACD. Published by Pentatone Music (NX.PTC5186536).
Price: $19.00
Kenneth Leighton Music for Vio — Arabella Teniswood-Harvey
— listening CD —
By Arabella Teniswood-Harvey and Edwin Paling. By Kenneth Leighton (1921-1988). Listening CD. Naxos #MD 3358. Published by Naxos (NX.MD-3358).
Price: $19.00
Berceuse — Benjamin Goddard
— score and parts — Solo
Challenger Series, No. 8. Composed by Benjamin Goddard. Arranged by Gawan Roberts. Easy Brass Band Series. Solo. Score and parts. Duration 2:15. Published by Gobelin Music Publications (GO.654).
Price: $60.00
Mount Everest - Summit Bid — Philip Goddard
Orchestra — Study Score —
Composed by Philip Goddard. Study Score. Musik Fabrik #MFPG021SS. Published by Musik Fabrik (FA.MFPG021SS).
Price: $32.00
Valse — Benjamin Goddard
violin & piano — —
Composed by Benjamin Goddard. Violin. Wiltshire Music/Cor Publishing Co. #ST196. Published by Wiltshire Music/Cor Publishing Co. (WS.ST196).
Price: $8.00
Music From The Mountain Waters — Philip Goddard
Orchestra — Study Score —
Composed by Philip Goddard. Study Score. Musik Fabrik #MFPG008. Published by Musik Fabrik (FA.MFPG008).
Price: $32.00
Symphony no. 3 "Dark Forest : Monument and Reflections" — Philip Goddard
Orchestra — Study Score —
Composed by Philip Goddard. Study Score. Musik Fabrik #MFPG009. Published by Musik Fabrik (FA.MFPG009).
Price: $40.00
Arabella Godard was a very famous English pianist. In her youth she also wrote a few compositions, but she is mainly remembered as a pianist.
[in Portuguese]
Voya Toncitch
Arabella Goddard (1836–1922)
Rainha de pianistas britânicos nasceu faz 170 anos na França e morreu na França
Arabella Goddard, segunda filha de Thomas Goddard, proprietário de uma manufactura de cutelaria e de Arabella Ingle, nasceu na Bretanha (França) em Portes-Rouges- Saint-Servan-lès-Saint-Malo (departamento de Ille et Vilaine) no 12 de janeiro de 1836. A lindíssima criança era queiridinha da sua irmã Anne (1827 Londres-1907 Boulogne-sur-Mer, França). Anne Goddard era a primeira professora de francês e de piano da pequena Arabella. Ela descobriu o imenso talento da sua irmã mais moça e sugeriu aos pais que a enviassem em Paris para estudar com o grande pianista e compositor francês, oriundo de Alemanha, Frédérick-Guillaume Kalkbrenner (1784 Kassel, Alemanha–1849 Deuil, França). O mestre francês ficou pasmado com o talento do prodígio inglês que falava francês sem sotaque nem intonação inglesa. Apresentou a sua aluna preferida ao rei Luís-Filipe (1773–1850) e a lindíssima menina estreou na França, na corte do rei, aos 9 anos! Tocou de cor um concerto por piano e orquestra de Johann Nepomuk Hummel (1778 Bratislava–1837 Weimar), pianista eslovaco de classe internacional, compositor e competidor de Beethoven.
A revolução de fevereiro de 1848 forçou a família Goddard de voltar precipitadamente a Londres. Perderam tudo na França. Moravam nas águas-furtadas em Londres e passavam fome. O pai de Arabella Goddard consegiu apresentar a filha a uma certa Senhora Anderson, pianista titular na corte da rainha Victória (1819–1901). Graças a essa admirável Senhora e à generosidade da rainha Victória e do seu esposo, o príncipe Alberto, a situação pecuniária da família Goddard melhorou muito. A jovem Arabella aperfeiçoava-se com o ilustre pianista e compositor suíço Sigismond Thalberg (1812 Genebra–1871 Posilipo, Itália). Estudou tambem harmonia e composição com George Alexander MacFarren (1813–1887), compositor victoriano de sinfonias, oratórios, óperas e autor de obras teoreticas.
Nessa época compos “Zuleika” por piano, obra publicada em Londres em 1851 por Cramer, Beale&Co., Ballade por voz e piano “The Past is Our Own” (O passado nos pertence) inspirada por D. Ryan e Valse brillante por piano, obras publicadas em 1852.
Aos 14 anos, Arabella Goddard estreou em Londres, no Teatro da sua Majestade, no 23 de outubro de 1850, com o regente irlandês Michael Balfe (1808–1870). O sucesso foi sensacional. Os críticos notaram a perfeição técnica da jovem pianista, os seus grandes conhecimentos de vários estilos musicais, o brilho, o polimento, a clareza e a limpidez das suas interpretações.
Um outro acontecimento marcou a vida e a carreira da grande pianista em 1850: o encontro com James William Davison (1813–1885), o crítico musical do jornal Times durante trinta e dois anos (1846–1878) e musicógrafo da revista Musical World (Mundo musical), fundada por William Davison (1816–1903), seu irmão mais moço.
James William Davison era o filho primogénito da célebre actriz Maria Duncan, chamada Miss Duncan. Estudou na Real Academia de música em Londres. Segundo musicógrafos ingleses, era um compositor muito menor, mas como crítico, exerceu influências maiores sobre o público de Londres. Era muito conservativo. Escreveu de boa-fé algumas frioleiras, sobre Mendelssohn (1809–1847), por exemplo, e cretinisou inverossimilmente nos seus panfletos e nas suas diatribes sobre Schubert (1797–1828), Chopin (1810–1849), Schumann (1810–1856), Liszt (1811–1886), Wagner (1813–1883) e Berlioz (1803–1869), especialmente. Depois ouviu falar que Berlioz não gostava da música de Wagner, mudou de opinião e tornou-se seu amigo! Era um segredo público em Londres que «uma boa crítica» por Davison custava uma boa gorjeta! Noventa e nove anos após morte de James William Davison, o autor inglês Charles Reid publicou em 1984 uma biografia do temido crítico intitulada Music Monster (Monstro musical).
No entanto, o Monstro musical era um excelente pedagogo e conhecedor de Bach (1685–1750) e de Beethoven (1770–1827)!
Sigismond Thalberg apresentou Arabella Goddard a James William Davison após seu concerto no Teatro da sua Majestade em 1850. Ela abandonou Thalberg e tornou-se aluna do temível crítico que a fascinou. Estudou com o seu novo professor as obras capitais do repertório pianístico, sobretudo os prelúdios e fugas de Bach e as últimas sonatas de Beethoven. Em 1853 Arabella Goddard tocou de cor a grande e dificultosíssima Sonata opus 106 de Beethoven, chamada «Hammerklavier», que o pianista francês Alexandre Billet apresentou ao público inglês em 1850. Era um triunfo. Era a coroação.
O público compreendeu que a jovem Arabella Goddard era maior do que inúmeros virtuosos estrangeiros que invadiam os estrados de Londres nessa época. A rainha de pianistas britânicos tocou depois a mesma obra nas grandes cidades da Grã-Bretanha, em Paris, na corte de Napoleão III (1808–1873), em Berlim, em Viena, em Roma, em Florença, com o mesmo sucesso e encontrou o mesmo ínfreme enstusiasmo do público, dos críticos e dos músicos. Em 1854 e 1855 só tocava na Alemanha e na Itália. O grande pianista e compositor checo do século XIX, Ignaz Moscheles (1794 Praga–1878 Lípsia) ouviu a virtuosa inglesa em Lípsia em 1854 e declarou: Arabella Goddard domina as enormes dificuldades com perfeita graça e satisfacção, o seu tom é claro e límpido como o do sino.
Regressou a Londres em 1856. Tocou com a orquestra da Real sociedade filarmónica um concerto para piano e orquestra do compositor victoriano William Sterndale Bennett (1816 Shefield–1875 Londres), professor de música na Universidade de Cambridge. (Robert Schumann foi inspirado por um tema de William Sterndale Bennett no seu grande opus 13: Études symphoniques / Estudos sinfónicos). Em 1858, Arabella Goddard tocou un concerto de Ignaz Moscheles no famoso e tremendo Crystal Palace em Londres, orgulho da arquitetura victoriana, uma obra prima devida a Joseph Paxton (1801–1865), erigida em 1851 e destruida por um incêndio gigante.
Em 1859, a famosa e adulada pianista apaixonou-se do seu professor, mentor e promotor James William Davison. Casaram-se no mesmo ano. Tiveram dois filhos, Henry (poeta-amador, publicou em 1912 Music of the Victorian Era) e Charles.
Arabella Goddard obteve a Medalha de ouro da Real sociedade filarmónica em Londres em 1871. Os outros laureados eram o compositor francês Charles Gounod (1818–1893) e o legendário violinista eslovaco Joseph Joachim (1831–1907).
Entre 1873 e 1876 a rainha de pianistas britânicos visitou Austrália (duas vezes), Índia, Ceilão, possessões francesas na Indochina, Singapura, Java, Hong Kong, China, Nova Zelândia, Estados Unidos de América (Califórnia, Boston, Nova Íorque), Canadá.
Os ventos do coração da linda pianista apagaram paixão, admiração e gratidão, não precisava mais de esposo-mentor-promotor, abandonou James William Davison, a quem devia a carreira, partiu com os dois filhos (e a sua fiel e inseparável irmã Anne), mas nunca divorciou.
Nos 12 e 19 de outubro 1876 Arabella Goddard deu dois concertos em Londres, em 1877 o público parisiense aclamou a maior pianista inglesa. Depois, tocou em Paris em 1878 e em 1900 durante a Exposição internacional. (Deu três últimos concertos em Londres em 1890,1892 e 1899).
James William Davison morreu em 1885. Os inimigos do odiado crítico e ditador musical de Londres começaram a criticar a sua esposa. Um plumitivo do jornal The World (O mundo) escreveu em 1890: Madame Terresa Carreño é a segunda Arabella Goddard. Ela pode tocar tudo, mas as suas interpretações não lhes dizem nada, são suas soberbas realisações, mas não são sua missão. Teresa Carreño (1853 Carácas–1917 Nova Íorque), chamada «furacão da Venezuela», era uma exímia pianista internacional. Em 1899, o escritor irlandês George Bernard Shaw (1856–1950), crítico músical em Londres, declarou: Arabella Goddard é uma extraordinária pianista, mas toca tudo com indiferênça e sem sensibilidade.
A rainha de pianistas britânicos aguentou com dignidade todas as agressões verbais da imprensa de Londres. Após último triunfo em Paris em 1900, deixou Londres e estabeleceu-se na França em Boulogne-sur-Mer (departamento de Pas de Calais) com a sua irmã Anne e o seu segundo filho Charles. No mesmo ano converteu-se à religião católica.
Anne Goddard morreu em Boulogne-sur-Mer em 1907 com 80 anos de idade. Durante a Primeira Guerra Mundial, Arabella Goddard perdeu três netos, filhos do Henry e uma neta que morreu de consumpção. O seu filho Charles pereceu em 1940 em Boulogne-sur-mer.
Arabella Goddard encantou os maiores músicos e musicólogos da sua época: Kalkbrenner, Thalberg, Moscheles, Mendelssohn, Schumann, Clara Wieck-Schumann (1819–1896), François Joseph Fétis (1784–1871), Hugo Riemann (1849–1919). O seu nome fica nas enciclopédias e dicionários internacionais de música (infelizmente, não fica na Encyclopaedia Britannica!).
Faleceu no 6 de abril de 1922 em Boulogne-sur-Mer com 86 anos.
O jornal local «Télégramme» publicou um laudativo artigo necrológico no 10 de abril de 1922 sobre a ilustre cidadã.
Em 1966, o escritor e editor parisiense Edmond Buchet (1902–1997) na sua obra «Beethoven — lendas e verdades» (Beethoven — légendes et vérités) destacou três maiores intérpretes da sua Sonata opus 106: Franz Liszt, que a estreou em Paris em 1836, Arabella Goddard (1853 em Londres) e Clara Wieck-Schumann (1856 em Berlim).
O presidente da Sociedade de história e arqueologia do arredondamento de Saint-Malo, o Sr. Corbes, publicou em 1972 nos anais da Sociedade um pertinente e muito bem documentado ensaio sobre a ilustre filha de Saint-Servan, na ocasião do quinquagésimo aniversário da sua morte.
Arabella Goddard faleceu em 1922, mas ficou Rainha de pianistas britânicos. Até agora, nenhum pianista britânico atingiu a sua classe e a sua glória. Ninguém a destronou!
(artigo publicado no Jornal de notícias, O Porto, no 23 de janeiro de 2006)
Voya Toncitch
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