Voya Toncitch:

Luís Delgadillo (1887, Manágua-1962, Manágua)

O maior compositor de América Central

O compositor nicaraguense Luís Delgadillo adquiriu sólidos conhecimentos de gramática e de sintaxe de música com os seus competentes professores em Manágua Maria Teresa Muñoz de Campari, Alberto Selva e Manuel Silva Guerrero, na Escola de música de José Luis Medal, depois aperfeiçoou-se na Itália com os professores do Conservatório de Milão Miguel Saladino, Héctor Pozzoli, Vincento Appiani e Pablo Delachi, enriqueceu o seu vocabulário musical, tomou conhecimento com a ópera italiana da época e desenvolveu as suas aptidões criadoras. Ficou em Milão até o começo da Primeira guerra mundial, voltou na pátria em 1914, regia a fanfarra de "Supremos poderes" nicaraguenses, ensinava num liceu antes de tornar-se "director geral de cultura musical" do país até 1921. Entre 1921 e 1925, era professor de teoria de música no Conservatório nacional de México onde fundou um "Orfeón popular" (um coro de homens). Em 1932 fundou a Escola nacional de música e a Orquestra sinfónica de Manágua. Entre 1943 e 1945 era professor de composição e de estética de música no Conservatório nacional de música e declamação do Panamá.

Luís Delgadillo compôs a sua primeira ópera "El final de Norma" (libreto de Alacrón) em Milão em 1913, baseada nos princípios da estética de Guiseppe Verdi (1813–1901).¹ Em 1942, compôs duas óperas: Mabaltayán (libreto de Arana Sanoigo) e La rosa del paraiso (libreto de Robleto). Em 1945 compôs a ópera Tertulia de Correos (libreto de Cerna) e em 1946 a sua última ópera Panchito y la rana (libreto do compositor). Deixou um bailado também: La Cabeza del Rawi.

Entre 1915 e 1957 compôs 3 grandes sinfonias, 12 sinfonietas, 7 quartetos de cordas, 3 aberturas, 2 concertos por piano e orquestra (1943 e 1945), um Concerto por guitarra (1954), 4 missas, trios, 60 peças por piano e 24 prelúdios por piano, dedicados a Chopin.

Luís Delgadillo regeu as suas obras por orquestra nas capitais dos paises de América do Sul e de América do Norte: Sinfonia Incaica em Caracas (1926) , Diciembre em Havana (1929), Teotihuacán em México (1941) etc.

Carnegie Hall em Nova Íorque organizou um concerto de obras do mestre nicaraguense em 1930.

O seu Quarteto de cordas numéro 4, chamado "el moderno" estreiou em México em 1957. O público da capital méxicana ouiviu também Abertura Indiana (composta em 1915), Sinfonia indígena (composta em 1921) e a dança indígena nicaraguense "En el templo de Agat " (composta em 1937).

Luís Delgadillo escreveu alguns ensaios: Comentarios a los consejos de Schumann (publicado pela Tipografia nacional nicaraguense em 1919), El caso Nitsche, Consideraciones generales sobre música en Nicaragua, Teoría sintética y moderna de la música, Mi odisea musical en América Hispánica.

Em 1932 publicou em Manágua a obra didáctica Cantos escolares (versos de Arturo Duarte Carrión).

Compôs em 1939 o hino nacional nicaraguense sobre os versos de Don Salomon Ibarra Mayorga (1887, Nicarágua–1885, Honduras).

Filho de Doutor Teodoro Delgadillo e Manuela Rivas, Luis Abraham Delgadillo Rivas nasceu em Manágua no 29 de Agosto de 1887 e faleceu em Manágua no 20 de Dezembro de 1962 de diabetes aguda. Foi casado com Juana Vélez Espinosa. Tiveram três filhos. Os seus netos vivem na Costa Rica e nos Estados Unidos de América.

Segundo o seu primeiro neto Delgadillo Tapia (1944, Manágua) o grande homem, o maior compositor de América central e um dos maiores de América latina, com os brasileiros Carlos Gomes (1836–1896) ² e Heitor Villa Lobos (1887–1959), o argentino Alberto Ginastera (1916–1983) e os mexicanos Júlian Carillo (1875–1965), Silvestre Revueltas (1899–1940) e Carlos Chávez (1899–1978), morreu pobre!!! O seu túmulo num cemitério em Manágua ficou em estado deplorável até 2003! Sem comentário!

Que aconteceu com as partituras de cinco óperas de Luís Delgadillo? Onde ficam os manuscritos das suas grandes obras sinfónicas, das suas missas? Quem conhece a sua colecção de 24 prelúdios por piano dedicados a Chopin?

A obra de Luís Delgadillo pertence à humanidade e deveria ficar numa grande bibliotéca na Europa ou nos Estados Unidos de América, aberta aos musicólogos, regentes e intérpretes de música de câmara.³ Que os nicaraguenses não esqueçam que o nome do grande compositor nacional fica nos dicionários de música Grove, Larousse e outras publicações musicais na Alemanha, na Itália, nos Estados Unidos de América...

¹ Veja o nosso ensaio na Internet em inglês www.classical-composers.org

² Veja o nosso ensaio na Internet em português www.classical-composers.org

³ La Bibliothèque nationale de France (A Bibliotéca nacional em Paris) só possui a sua obra didáctica Cantos escolares (1932)!

(artigo publicado no Jornal de Noticías, O Porto, Portugal, no 11 de Julho de 2006)

Voya Toncitch